Comissões discutem importância de rampas de escape em trechos críticos de rodovias mineiras

Na última quarta feira (01/12/2010), as comissões de Segurança Pública e Transporte, Comunicação e Obras Públicas da ALMG realizaram uma reunião conjunta para discutir a necessidade de implantação de rampas de escape em trechos perigosos das rodovias mineiras. A reunião contou com representantes de sindicatos de caminhoneiros e de órgãos públicos como a BHTrans, DER e DNIT.
Essas rampas de escape funcionam como uma pista paralela à principal, constituída de materiais como brita, argila expandida e pneus. No caso de acidente, o motorista tem a opção de desviar o carro para essa pista; assim, é possível diminuir o número de mortes no trânsito, visto que os materiais ajudam a amortecer o impacto do acidente, e os demais veículos possuem menor chance de serem atingidos.
Os convidados expuseram suas posições a respeito desta questão. O presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Cargas, José Acácio Carneiro, defendeu a idéia de que os acidentes de trânsito não ocorrem apenas devido à imprudência dos motoristas, mas pela falta de opção que estes possuem ao se depararem com uma situação adversa. Em sua apresentação, Carneiro citou exemplos de cidades do exterior nas quais a implantação das rampas trouxe resultados positivos. O presidente do sindicato também citou alguns locais que possuem altos índices de acidentes, como a rodovia 356, Km44/60 (Itabirito), e a BR 0-40, Km544 a 641,5, e apresentou dados sobre acidentes e vítimas de trânsito no trecho de Nova Lima a Lafaiete: No ano de 2009, ocorreram 1194 acidentes, com 774 feridos e 75 mortos (dados da Polícia Rodoviária Federal). Carneiro lembrou que, apesar das melhorias em sinalização e nas condições das vias, os acidentes continuam. Ele levou à reunião uma carta do Pe. José Ferreira Filho, que foi lida a todos os presentes. O padre, que morou alguns anos na Bélgica, relatou por meio de sua carta os benefícios da implantação das rampas neste país, como a redução do número de mortos e feridos no trânsito. Um abaixo- assinado também foi entregue às comissões.
O presidente do Sindicato de Empresas de Transporte de Carga, Ulisses Martins da Cruz, ressaltou o fato de Minas Gerais ser o estado com maior número de vítimas fatais de trânsito no país. Lembrou de um entrave à implementação das rampas, que é a necessidade de desapropriação em alguns locais. Para ele, a solução realmente eficaz consiste em uma fiscalização “permanente, ostensiva e rigorosa”.
A supervisora do DNIT, Marília Fernandes Dollinger, destacou a questão das melhorias nas estradas, que muitas vezes propiciam um aumento dos acidentes graças à imprudência dos motoristas. Estes, ao perceberem as melhores condições da via, se arriscam a desrespeitar ainda mais os limites de velocidade e a realizar manobras mais perigosas. Quanto à questão das rampas, Marília destacou que os materiais utilizados nas rampas podem ser facilmente roubados, o que significaria prejuízos para o Estado. A supervisora do DNIT comentou sobre a situação do Anel Rodoviário. Segundo ela, os índices de morte nessa região são considerados baixos. Alguns deputados expuseram sua opinião contrária a tal declaração, e um deles falou sobre um comentário do Prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, que considerava o anel rodoviário “um caso de calamidade pública”. Apesar de parecer não acreditar na eficácia das rampas de escape, Marília afirmou que estudos estão sendo realizados no trevo do Bairro Betânia, em Belo Horizonte, e que o DNIT “está com boa vontade” em implantar rampas nesta região, bem como em outros locais estratégicos. Ainda em 2010, segundo a supervisora, o edital para início das obras será liberado, e a elaboração do projeto pode ficar pronta até dezembro de 2011.
O diretor de projetos do DER-MG, Haroldo Carlos, falou sobre Programa de Aumento da Capacidade e Segurança dos Corredores de Belo Horizonte, um programa estruturador presente no PPAG 2007-2011, que cuida desta questão da segurança nas estradas. Segundo Haroldo, o DER possui um contrato de interseção do Estado em 37 segmentos considerados críticos, baseados em estatísticas de acidentes. Em relação às rampas Haroldo falou que o DER ainda não possui um estudo detalhado sobre o assunto, e defendeu a utilização das rampas em casos pontuais.
O assessor de relações metropolitanas da BHTrans, Tomás Alexandre Ahoughie comentou que as principais causas de acidente em Belo Horizonte são a alta velocidade no trânsito, o uso de bebidas alcoólicas ao dirigir, o uso de celular ao volante e imprudências dos motociclistas. Em 40% dos acidentes, as vítimas são os pedestres. Esta também é a média nacional. Ahoughie destacou que um acidente de trânsito nunca possui apenas um motivo, mas vários, que devem ser considerados a fim de tomar as devidas providências quanto à minimização dos índices de acidentes.
Ao final da reunião, um requerimento foi elaborado a respeito da implantação das rampas no trecho equivalente ao trevo do bairro Betânia. Um ofício será enviado ao Ministério dos Transportes, à Prefeitura de Belo Horizonte e à Diretoria Geral do DER e do DNIT.