Papa assume ‘graves equívocos de avaliação’ em caso de pedofilia no Chile

Francisco reconsidera acusações contra bispo chileno acusado de encobertar casos de pedofilia.

Papa Francisco durante audiência semanal na Cidade do Vaticano em 11 de abril de 2018

Papa Francisco durante audiência semanal na Cidade do Vaticano em 11 de abril de 2018 (AFP)

O papa Francisco pediu perdão nesta quarta-feira (11) por ter incorrido em “graves equívocos de avaliação” em casos de pedofilia e seu encobrimento na Igreja Católica, investigados recentemente por uma missão do Vaticano enviada ao Chile.

Em uma carta dirigida aos bispos chilenos, divulgada pelo Vaticano e pelo Episcopado chileno, o papa convocou a Roma os bispos chilenos para “dialogar sobre as conclusões da mencionada visita e minhas conclusões”.

O arcebispo de Malta, Charles Scicluna, foi enviado ao Chile em fevereiro pelo papa Francisco para ouvir depoimentos sobre o suposto encobrimento de abuso sexual pelo bispo da cidade de Osorno (sul), Juan Barros, mas que depois incluiu conversas com vítimas de pedofilia em colégios da Congregação Marista.

Barros é acusado de encobrir os abusos sexuais reiterados do influente sacerdote Fernando Karadima, condenado pelo Vaticano em 2011 a uma “vida de oração e penitência” depois que a Justiça local declarou prescritas as acusações de abuso sexual.

Ao retornar à Santa Sé, Scicluna entregou um relatório de sua visita a Francisco.

Na carta, o papa assinala que, após uma leitura atenta das atas desse processo de escuta, “acho que posso afirmar que todas os depoimentos coletados falam de uma maneira crua, sem aditivos ou adoçantes, de muitas vidas crucificadas e confesso que isso me causa dor e vergonha”.

No texto, Francisco também reconhece que “incorreu em graves equívocos de avaliação e percepção da situação, especialmente devido à falta de informações verdadeiras e equilibradas”.

Francisco também pede perdão a “todos aqueles que ofendi”, e anunciou que se encontrará com representantes das pessoas entrevistadas por aqueles que conduziram o processo de escuta confiante.

“Apreciamos a mudança de olhar que o papa está mostrando em sua carta, agradecemos o seu pedido de perdão e aceitamos. Esperamos que esse arrependimento seja mostrado em ações concretas”, afirma em uma declaração pública à “comunidade de leigos e leigas de Osorno”, que exige a renúncia do bispo.

O presidente da Conferência Episcopal do Chile, Dom Santiago Silva, por sua vez, disse que o Episcopado compartilha a dor do papa Francisco: “não fizemos o suficiente”, assinalou. Também manifestou que “nosso compromisso é que isso não aconteça novamente”.

Em relação à alusão feita por Francisco sobre a possível informação deficiente recebida, Silva apontou “sua certeza de que estas não tiveram como fonte o Episcopado chileno”.

Silva confirmou, além disso, a presença de todos os bispos no encontro convocado pelo Papa, que se realizará em Roma na terceira semana de maio.

Fonte: Agência AFP