Ricardo Motta: “A Vale prefere investir nos melhores advogados a pagar a conta do desastre”

Em entrevista para o jornal El País,  o professor Ricardo Motta Pinto, da Universidade Federal de São João del-Rei, afirma que o Brasil precisa repensar matrizes econômicas e energéticas para evitar um colapso ambiental.

Ao longo de dois anos, ele monitorou os desdobramentos da tragédia de Mariana e concluiu que a impunidade joga a favor das mineradoras envolvidas em crimes socioambientais. Além de cobrar punição à Vale, o ecologista também reivindica maior fiscalização sobre a atividade mineratória e políticas de incentivo à economia verde.

Professor da pós-graduação em geografia na Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), o ecologista Ricardo Motta Pinto Coelho reuniu alunos de sua turma assim que soube do rompimento da barragem da Vale e se deslocou a Brumadinho para acompanhar de perto as repercussões do desastre. Diante dos trabalhos de resgate e as tentativas de contenção dos rejeitos, os estudantes presenciaram, da pior maneira possível, os ensinamentos do professor sobre os impactos da mineração no meio ambiente. “A matriz econômica do Brasil levou nossos ecossistemas ao limite”, afirma Pinto Coelho.

Para o professor, “todos os governos, sem exceção, apertaram o acelerador da “economia marrom”, que gira em torno do petróleo, cimento, minério e agronegócio.” Segundo ele,  “além da reorientação econômica, precisamos mudar também a matriz energética. A usina de Belo Monte, com aqueles mamutes lá no meio da Amazônia, é um crime ambiental que poderia ter sido evitado por uma política mais responsável de gestão dos recursos ambientais. A sociedade brasileira não respeita o meio ambiente, que nunca esteve entre as prioridades de nenhum governo. Os órgãos públicos, salvo raras exceções, são absolutamente despreparados, sem qualificação técnica para lidar com os trâmites exigidos pela área. Os ecossistemas estão no limite. Chegou a hora de barrar a expansão do agronegócio e da mineração no Brasil para estimular a economia verde. Enquanto o meio ambiente não se tornar prioridade, os desastres serão cada vez mais frequentes.”

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