Robôs impulsionaram hashtags contra ONGs na Amazônia e a favor de Salles

Em 30/08/2019, por Agência Pública e El País

Cerca de 1% dos perfis foram responsáveis por mais de 20% das postagens com as tags pró-Governo. No movimento contra o Planalto, 1% dos perfis foram responsáveis por 9% das postagens

 Na semana passada, entre 19 e 24 de agosto, as queimadas na Amazônia foram um dos assuntos mais comentados no Twitter mundialmente. Em meio à polarização no Twitter, as hashtags foram mais uma vez usadas como armas para ganhar a opinião pública —mas dessa vez, com auxílio de robôs e turbas virtuais, segundo levantamento feito pela Agência Pública.

No dia 21 de agosto, o presidente Jair Bolsonaro acusou, sem provas, organizações não governamentais (ONGs) pelos incêndios na Amazônia. “Pode estar havendo a ação criminosa desses ongueiros para chamar atenção contra o governo do Brasil”, disse em coletiva de imprensa. No mesmo dia, seus apoiadores lançaram a hashtag #AmazoniaSemOng, que chegou aos assuntos mais comentados da rede no Brasil.

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, também recebeu uma hashtag de apoio nas redes. A tag foi lançada, com pouca expressividade, no dia 21 de agosto. No dia seguinte, depois que o partido Rede Sustentabilidade entrou com pedido de impeachment do ministro, a #SomosTodosRicardoSalles chegou aos Trending Topics no Brasil.

A Pública teve acesso às primeiras 50 mil postagens de cada uma das hashtags #AmazôniaSemONG e #SomosTodosRicardoSalles durante os dias 21 e 22 de agosto, extraídas pelo Laboratório de Pesquisadores Forenses Digitais (DFRLab), da organização Atlantic Council. Os dados mostraram que por trás das tags estavam perfis com indícios de automação, responsáveis por manipular as tendências na rede social.

Além disso, a reportagem verificou que o uso das hashtags foi orquestrado em grupos bolsonaristas no WhatsApp. Um número identificado como “TV a Cabo” publicou em quatro grupos ligados a Jair Bolsonaro de diferentes estados mensagem chamando para “Twittaço” com as tags #AmazôniaSemONG e #ApoioTotalRicardoSalles. A mensagem também conclamava os participantes do grupo a seguir a conta oficial de Twitter da Secretaria Especial de Comunicação Social do Governo federal (Secom), criada no auge da crise, em 21 de agosto.

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