Para analista, políticas neoliberais despertam protestos pelo mundo e servem de alerta para o Brasil

Em 22/10/2019, por RBA e blog do Sakamoto

Levantes populares que eclodem do Oriente Médio à Europa e na América Latina são resultado de medidas de governos em que as pessoas foram perdendo seus direitos, qualidade de vida e acesso às políticas públicas.

É o acúmulo de uma série de retirada de direitos e de precarização da vida das pessoas que, em algum momento, faz explodir os protestos como os que veem ocorrendo pelo mundo, avalia o comentarista político José Lopez Feijóo.

Na Europa, o Brexit levou a população da Inglaterra a tomar as ruas contra a saída do país da União Europeia, enquanto na Itália, o ministro do Interior, de extrema-direita, Matteo Salvini, sofreu um revés em sua política xenófoba. Medidas de austeridade fiscal também levantaram uma onda de protestos no Líbano, enquanto na América Latina, na Argentina, no Equador e no Chile as populações também se manifestam, a despeito da repressão de seus governos.

Para Feijóo, está claro que todos os levantes populares que se espalham pelo mundo têm em comum a “implantação de políticas xenófobas, racistas, misóginas contidas nos pacotes de medidas ultra-liberais, que atacam os direitos da classe trabalhadora e as políticas públicas que beneficiam a população em áreas como saúde, educação, transporte e segurança pública. Enfim, um verdadeiro desastre”, avalia o comentarista político.

Os levantes contra política neoliberais deveriam servir como alerta para o Brasil, aponta ainda Feijóo, uma vez que o país, desde 2016, com Michel Temer e agora, com Jair Bolsonaro, tem adotado medidas de austeridade e ajuste fiscal. É o caso da “reforma” da Previdência e da “reforma” trabalhista, que aprofundam e agravam a retirada de direitos. “O modelo neoliberal é incapaz de dar respostas satisfatórias para a vida da maioria da população, servindo apenas para concentrar renda e riqueza na mão de poucos.”

Fonte: RBA e TVT.

Protestos no Chile têm origem na privatização de serviços, diz especialista.

“Os manifestantes veem que seus pais e avós recebem aposentadorias de miséria, 80% delas abaixo do salário mínimo e 44% da linha de pobreza. Percebem que, dessa forma, não há capacidade de sobreviver dignamente.” De acordo com  Andras Uthoff, professor da Faculdade de Economia e Negócios da Universidade do Chile e doutor em Economia pela Universidade de Berkeley, o descontentamento com o sistema de previdência é uma das razões que tem levado milhares às ruas no Chile.

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Foto: Internet

O país sul-americano enfrenta uma onda de protestos – que começou com críticas ao aumento na tarifa do metrô, mas que logo passou a ser alimentada pelo descontentamento quanto à qualidade dos serviços públicos tal qual as Jornadas de Junho de 2013, no Brasil). Alguns grupos entre os manifestantes optaram por incendiar e saquear estabelecimentos comerciais. O presidente Sebastián Piñera, sob a justificativa de reduzir os casos de quebra-quebra, suspendeu o aumento e inundou as ruas com militares – fato que não ocorria desde o fim da ditadura militar.

“É uma manifestação contra o abuso que tem significado a privatização de serviços públicos com cobranças que a grande maioria não pode pagar, ficando excluída de bons serviços de saúde, educação, transporte, moradia, água, luz, energia”, explica Andras, que foi membro de dois conselhos presidenciais para reformas no sistema previdenciário chileno e chefe da Divisão de Desenvolvimento Social da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), em entrevista ao blog. “O caso emblemático foi o do ministro da Economia que, diante da alta do transporte, sugeriu aos trabalhadores que se levantassem uma hora antes para aproveitar tarifas mais baixas” [fora do horário de pico, a. a passagem é mais barata].

Fonte: Blog do Sakamoto

Atualização: até a tarde desta terça (22/10), o número de mortos nos protestos que sacodem o Chile desde a semana passada subiu para 15, dos quais 11 na região metropolitana de Santiago , informou o subsecretário de Interior, Rodrigo Ubilla . Enquanto isso, o Instituto Nacional de Direitos Humanos (INDH), um instituto público independente, informou que 99 pessoas foram feridas a bala, muitas no olho, e cobrou das autoridades o esclarecimento desses casos, além de denunciar casos de tortura e detenções ilegais. (Fonte: O Globo)