TSE pede a WhatsApp dados sobre disparos nas eleições de 2018

Em 11/11/2019, da Agência Estado

Marcado por fake news, processo eleitoral de 2018 pode até ser anulado caso seja provado que Bolsonaro foi mentor das mentiras.

Aplicativo foi usado para divulgação de fake news
Aplicativo foi usado para divulgação de fake news (Pixabay)

O corregedor-geral do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Og Fernandes determinou ao WhatsApp que informe se um conjunto de números de empresas e sócios investigados pela justiça eleitoral realizou algum tipo de automatização no envio de mensagens durante as eleições de 2018.

A rede social deverá informar ainda se realizou alguma medida para bloquear ou banir as linhas referidas no período de 14 de agosto a 28 de outubro do ano passado.

A investigação foi aberta após manifestação da coligação Brasil Soberano (PDT/Avante) e apura o suposto uso de ferramentas de disparos em massa e automatização via WhatsApp para divulgação de apoio ao então candidato Jair Bolsonaro (PSL) e difusão de publicações contrárias à candidatura de Fernando Haddad (PT).

A prática viola a legislação eleitoral, que proíbe o uso de softwares de automação de impulsionamento de conteúdo que não sejam oferecidos pelas próprias plataformas – ou seja, qualquer impulsionamento pelo WhatsApp seria irregular, já que a empresa não permite isso.

Em outubro, o ministro Jorge Mussi solicitou que operadoras de telefonia repassassem os números atrelados às quatro empresas e aos sócios investigados no caso. As companhias teriam sido supostamente contratadas para efetuarem o disparo em massa em prol da candidatura de Jair Bolsonaro. O Palácio do Planalto não comenta o caso. 

A reportagem não conseguiu localizar a defesa do WhatsApp.


Fonte: Agência Estado

PARA RELEMBRAR: Um Brasil dividido e movido a notícias falsas: uma semana dentro de 272 grupos políticos no WhatsApp

Em 05 de outubro de 2018, a BBC Brasil publicou uma reportagem sobre o acompanhamento de dezenas de grupos políticos no WhatsApp. Segundo a apuração da BBC, links, vídeos, imagens e áudios são compartilhados caoticamente por diversas pessoas ao mesmo tempo, quase impossibilitando a leitura de quem recebe na outra ponta.

Com ajuda de um sistema desenvolvido por pesquisadores brasileiros, a repórter Juliana Gragnani, da BBC News Brasil em Londres, acompanhou por sete dias 272 grupos no aplicativo.

Na reportagem, Juliana Gragnani descreveu que em uma semana viu:

  • Muita desinformação, como imagens no contexto errado, áudios com teorias conspiratórias, fotos manipuladas, pesquisas falsas
  • Ataques à imprensa tradicional, como capas falsas de revistas e falsa “checagem” de notícias que, de fato, eram verdadeiras
  • Imagens que fomentam o ódio a LGBTs e ao feminismo
  • Uma “guerra cultural” organizada, com ataques sistematizados a artistas em redes sociais
  • Áudios e vídeos de gente comum ou de gente que se passa por gente comum, mas com identidade desconhecida, dando motivos para votar em um candidato.”

Segundo o WhatsApp, à época, 120 milhões de brasileiros usam o aplicativo. E muitos, principalmente das classes C, D e E, aderem a planos de celular com pacote restrito de dados, mas com WhatsApp gratuito graças a um acordo com as operadoras. Isso significa que acabam tendo acesso à internet somente por meio do aplicativo, ou seja, sem possibilidade de clicar em links ou verificar na rede a origem da informação.

Ao menos no Brasil, o WhatsApp deixou de ser apenas um aplicativo de mensagens instantâneas. É uma rede social também, com grupos públicos, desordenados e extremamente dinâmicos de até 256 integrantes nos quais se entra por meio de links divulgados em sites ou em redes sociais. Pessoas do Brasil inteiro que não se conhecem conversam pelos grupos. É bem diferente, portanto, dos grupos privados de famílias, amigos, colegas.

LEIA A REPORTAGEM COMPLETA, no link: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-45666742