Grande conflito urbano de Belo Horizonte, destino do Aeroporto Carlos Prates continua sem solução

 Fonte: Superintendência de Comunicação Institucional da Câmara de Belo Horizonte

Marcelo Gomes – 29/03/2022

O tamanho do Aeroporto Carlos Prates equivale a mais de 50 campos de futebol. Até o momento, o futuro desse grande terreno localizado na região Noroeste de Belo Horizonte não está definido. O destino da área é uma das maiores disputas por territórios na região metropolitana da capital. Vários atores estão envolvidos no conflito. Entre eles, representantes do setor aéreo, que insistem na permanência do aeroporto.

São dois os principais argumentos apresentados em reunião realizada na Câmara Municipal de Belo Horizonte em 24 de março. O primeiro, segundo o presidente da Associação Voa Prates, Estevan Lopes, é o ensino de pilotagem. Minas Gerais é o segundo estado que mais forma pilotos no país: 500 estudantes estão em formação no estado e o aeroporto tem grande participação nisso.

A segunda alegação diz respeito à utilidade do campo de aviação para a saúde. O aeródromo está ao lado do Hospital Alberto Cavalcanti, referência no tratamento de câncer. De acordo com Cláudio Gomes da Silva, dono da Claro Aviação (empresa atuante no Carlos Prates), a existência do aeroporto perto do hospital poderia agilizar transplantes de órgãos, provenientes de diferentes partes do país.

Outra justificativa em prol da continuidade do aeroporto é o seu uso pelas polícias e Bombeiros. A base de aviões e helicópteros que ajudam a combater incêndios ou no combate ao crime é o Carlos Prates, explicou Capitão Robson, da Polícia Militar. De acordo com o oficial, a instituição não vislumbra, até o momento, outra possibilidade de abrigar as aeronaves.

O uso do Aeroporto da Pampulha ou o de Pará de Minas foi apontado como solução na audiência da Câmara. “É possível fazer na Pampulha, mas é um aeroporto mais complicado, porque é bem mais movimentado. Se for para Pará de Minas teria impacto financeiro e acredito que seja assim também para os demais órgãos públicos”, justificou Capitão Robson.

Segundo mostrou a Assessoria de Monitoramento dos Poderes Públicos – Nesp em matéria anterior, o proprietário do aeroporto, que é o governo federal, intenciona vender o terreno para um fundo imobiliário. Ou seja, o perímetro seria transformado em um novo bairro. Conforme mostramos, essa ideia fere a lei e acentua desigualdades ao priorizar pessoas de mais alto poder aquisitivo. Todavia, há indícios de que a proposta foi suspensa ou, pelo menos, adiada.

O senador Alexandre Silveira (PSD) declarou à imprensa e em suas redes sociais ter conduzido uma negociação com vistas a impedir a venda do aeroporto. O governo, no entanto, ainda não se pronunciou oficialmente sobre isso. A informação tratada como oficial durante a reunião com os empresários é de que as atividades do aeroporto serão interrompidas a partir de 1 de maio.

Projetos alternativos

O Coletivo Cultural Noroeste BH defende que, a partir de maio, o Carlos Prates seja municipalizado, e que a prefeitura destine a área à construção de moradias sociais e à instalação de um parque. Pesquisa realizada pela organização, entre outubro e dezembro de 2021, constatou: a grande maioria dos 600 consultados desejam no local um complexo de lazer, área verde e esportiva, a exemplo do parque Ibirapuera, em São Paulo. Outro material produzido pelo Nesp mostrou como uma área verde no local poderia atenuar a poluição e as enchentes.

O integrante do Coletivo, Munish Prem, que esteve na audiência, discordou das alegações dos representantes da aviação. Para ele, as escolas de pilotagem poderiam migrar para Betim, onde será construído um aeroporto. “Os alunos podem, sim, pegar um ônibus e irem para lá. Também fico encantado com o trabalho que eles fazem, mas eles não moram aqui, não sofrem os impactos da atividade. Não somos contra a escola, não somos contra a aviação”, argumentou. Ele ainda ponderou: “não é possível que um paciente do hospital (Alberto Cavalcanti) esteja fazendo quimioterapia com aquele zunido de aeronave na cabeça”, declarou.

Os vereadores Duda Salabert (PDT) e Rubão (PP) se comprometeram a debater o tema constantemente na Câmara. Afinal, o impasse em torno da enorme área segue.

Com informações da Câmara Municipal de Belo Horizonte.