Comissão de Turismo discute necessidade de implementação do transporte ferroviário em Minas Gerais
A Comissão de Turismo, Indústria e Corporativismo realizou em 20/10/10, uma audiência pública para discutir a necessidade e os benefícios da implementação de uma malha ferroviária em Minas Gerais. Este discussão retornou à ALMG devido à existência de um projeto – Trem Bom de Minas – que visa à reativação do trecho ferroviário que interliga as cidades de Belo Horizonte, Ibirité, Sarzedo, Moeda, Belo Vale, Conselheiro Lafaiete, Brumadinho, Jeciaba, Mário Campos e Congonhas, a fim de promover o turismo e o transporte de passageiros na região, como forma de incentivar a atividade econômica.
Os deputados membros da comissão abordaram questões como o alto índice de acidentes nas estradas e a lentidão do trânsito devido ao crescente aumento do número de veículos em circulação, o que serve como incentivo para o desenvolvimento de um meio de transporte de massa alternativo, como os trens. Porém, ressaltaram também sobre o alto custo de realização deste investimento.
O Superintendente Regional do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte – DNIT/MG, Sebastião Donizete de Souza, comentou sobre licitações de governos federais brasileiros das décadas de 50 e 60, que privilegiaram a implantação do transporte rodoviário, deixando as ferrovias em um segundo plano, e a atual preocupação dos governos em reverter esse processo, tendo em vista a saturação do transporte rodoviário. Segundo o superintendente, em Santos Dumont (MG), já está em funcionamento a Escola Técnica da Arte Ferroviária, em parceria com a UFMG, a fim de promover a capacitação de pessoas que possam colaborar com a elaboração e execução de projetos que envolvam o desenvolvimento da malha ferroviária no estado. Ele também falou da existência de projetos parecidos ao “Trem Bom de Minas” em outros estados, como Tocantins, Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro (no caso destes dois estados, referiu- se ao Trem Bala), e a região do Pantanal.
O Chefe do Departamento de Engenharia de Transportes e Geotecnia da UFMG, professor Nilson Tadeu Ramos Nunes, falou sobre a importância do passo inicial que foi dado, que é a discussão de iniciativas para a solução do problema, e destacou o papel da UFMG na formação de técnicos, como vem sendo feito em Santos Dumont. Falou também sobre a pouca rentabilidade do transporte ferroviário para o transporte de passageiros, fazendo-se necessária sua utilização em outros setores, como forma de subsídio ao primeiro. Além disso, falou sobre o bom estado da malha ferroviária já existente em MG. Por fim, entregou um manifesto ao Diretor do Departamento de Relações Institucionais do Ministério dos Transportes, Afonso Carneiro Filho, de 2000 assinaturas de moradores da região do projeto “Trem Bom de Minas”, e atas de reuniões realizadas nas cidades em questão.
A Subsecretária de Desenvolvimento Metropolitano da Sedru, Maria Madalena Franco Garcia, falou sobre os estudos do governo realizados neste setor, como o estudo prévio de viabilidade da utilização da malha ferroviária na região metropolitana (330 km, 21 municípios). Em aproximadamente 9 meses, sairá o resultado deste estudo, segundo a subsecretária, identificando em quais locais o transporte ferroviário de passageiros poderá ser implantado em curto prazo, e onde serão necessários maiores investimentos. Ela também falou sobre a possibilidade de pedir ao Ministério dos Transportes que a iniciativa seja estendida às cidades fora da região metropolitana. E destacou o caso da cidade de Brumadinho, onde seria interessante a implantação de um trem de transporte de passageiros que viabilizasse um acesso facilitado ao Inhotim, com possível parceria com a Vale, empresa que cuida deste setor.
O Diretor do Departamento de Relações Institucionais do Ministério dos Transportes, Afonso Carneiro Filho, apresentou o Programa de Resgate do Transporte Ferroviário de Passageiros, que constitui uma série de projetos do Governo Federal visando o desenvolvimento da malha ferroviário no país. Uma parte deste projeto destina-se aos trens de turismo, com os seguintes objetivos: desenvolvimento de emprego e renda, recuperação do material histórico, e estímulo à atividade turística. A outra parte constitui-se dos trens regionais, que, em conjunto com o BNDES, tratará do transporte ferroviário de passageiros de alta velocidade e desempenho.
Segundo Carneiro Filho, o Brasil está investindo em sua própria tecnologia, a fim de exportá-la para países da América do Sul e Central, o que contribuirá para geração de emprego e renda para o país. Os estudos já se iniciaram, e no Ceará, já foi construído uma espécie de protótipo. A intenção é a de também baratear os custos, que seriam maiores caso a tecnologia fosse importada do exterior, bem como promover a utilização do Biodiesel.