Ética e Corrupção: Nesp lança livro em parceria com o Departamento de Filosofia e o Ministério Público Estadual
O NesP e o Departamento de Filosofia da Universidade e o Ministério Público Estadual lançaram recentemente o livro Ética e Corrupção: dilemas contemporâneos, publicado pela Editora PUC Minas.
A obra integra a série Cadernos Temáticos, lançada em 2011 pelo Nesp, para ampliar a estratégia de divulgação do núcleo e compartilhamento de saberes, com o objetivo de sistematizar e divulgar, periodicamente, produções do Nesp de especial relevância. O primeiro caderno, direcionado ao monitoramento dos poderes públicos e intituladoAcompanhamento do Legislativo: o que é e como fazer, aborda o monitoramento do Poder Legislativo, apresentando sugestões de como fazê-lo.
A obra Ética e Corrupção: dilemas contemporâneos, lançada recentemente, faz parte do segundo caderno, fruto da parceria citada anteriormente, que juntos promoveram, em setembro do ano passado, seminário com o mesmo título do livro. O seminário aconteceu no campus Coração Eucarístico e integrou dois outros projetos mais amplos: o primeiro, O que você tem a ver com a corrupção, desenvolvido pelo MPE; o segundo, Eleições 2012: voto na cidade, realizado pelo Nesp.
Os textos que integram o livro apresentam-se em formato diverso — alguns têm características de artigo, outros de ensaio, outros se mostram mais esquemáticos — uma vez que não se buscou uma padronização, tendo sido facultado aos autores escolherem a melhor forma de apresentarem o registro de suas palestras.
Como divulgação, o livro está sendo apresentado em alguns eventos e atividades. A distribuição dos exemplares será direcionada e sob demanda. Para o público em geral, que se interessa pelo tema da corrupção e da ética, será disponibilizada uma versão online do livro, no site do Nesp. Todas as bibliotecas da PUC Minas já têm um exemplar do livro, para pesquisa.
Mais informações: nesp@pucminas.br.
Confira os locais onde o livro será apresentado:
2 de maio: Setor Social da Região Episcopal Nossa Senhora Aparecida (Rensa)
6 de maio: 19h30, Igreja Pe Eustáquio – Encontro de formação de agentes sociais da Região Episcopal Nossa Senhora da Esperança (Rense)
18 de maio: Encontro com grupos de Fé & Política – Promoção: Nesp e Vicariato Episcopal para a Ação Social e Política
21 de maio: Semana Filosófica – lançamento no campus Coração Eucarístico com a presença do reitor da PUC Minas e integrantes do Ministério Público Estadual
25 de maio: 9 h – Escola Sindical – Semana Social Brasileira – Leste II
5 de junho: 14h30 – Grupo de Fé e Cidadania – Auditório Irmãs Paulinas
12 de junho: 8h às 17h, Seminário Arquidiocesano – Encontro de Formação dos Agentes do Vicariato Episcopal para a Ação Social e Política
30 de junho: 8h, Paróquia Cristo Redentor – Encontro dos grupos de Fé & Política da Forania São Paulo da Cruz (Contagem)
18 a 21 de julho: Congresso Mundial das Universidades Católica – (CMUC) – stand do Anima
20 de setembro: 19h30, anfiteatro da PUC Minas São Gabriel, durante a Semana de Arte, Cultura e Política (Scap) do São Gabriel. Mesa-redonda: Ética, Cotidiano e Corrupção, com organização da mesa a cargo do Nesp
Sobre a publicação:
A publicação traz o registro do seminário Ética e Corrupção: dilemas contemporâneos. No capítulo de abertura —Alguns Apontamentos sobre Corrupção —, Robson Sávio Reis Souza, atual coordenador do grupo gestor do Nesp, situa o leitor ao discutir de modo amplo a questão da corrupção no âmbito das democracias contemporâneas, fornecendo dados e informações que são um convite à reflexão sobre a sua ocorrência na atual conjuntura brasileira.
Na sequência, tal como ocorrido no seminário, ao grande tema Ética e Corrupção, três especificidades se associaram: cotidiano, mídia e política.
O primeiro painel Ética, Cotidiano e Corrupção convoca o leitor a refletir sobre esta que tem sido a A Nossa Corrupção de Cada Dia, título da palestra proferida pelo professor do Curso de Filosofia Sérgio Murilo Rodrigues, que aponta como o que habitualmente denominamos “o jeitinho brasileiro” tem sido coadjuvante no exercício diário das pequenas corrupções cotidianas que impregnam uma cultura supostamente avessa a normas e que naturaliza práticas corruptas. Segue-se a discussão empreendida pelo professor José Luiz Quadros de Magalhães, do Programa de Pós-graduação em Direito, que, a partir de um conjunto de premissas, coloca em evidência a importância da reflexão sobre o porquê da corrupção, deixando claro a inocuidade de uma atuação repressiva — pautada no direito penal, portanto, no aumento do controle e da punição —, que incide apenas sobre os seus efeitos. E prossegue localizando a corrupção na estrutura e nas representações simbólicas de um sistema social, econômico e político intrinsecamente corrupto. Fechando o primeiro painel, em sua palestra Racionalidade e Vida Cotidiana, o professor da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), José Luiz Furtado, associando liberdade e responsabilidade, problematiza a racionalidade presente no cotidiano contemporâneo, o que resulta em uma instrumentalização da existência que deve ser combatida. Para isso, propõe o exercício de uma filosofia da vida cotidiana, cuja tarefa será refletir sobre as diversas estratégias de racionalização da existência adotadas pela modernidade.
O segundo painel articula Ética, Mídia e Corrupção. Iniciando o debate, João Paulo Cunha, jornalista e editor do caderno Pensar do jornal Estado de Minas, na palestra intitulada A dívida da Imprensa, destaca o jornalismo contemporâneo em sua função civilizadora, entretanto marcada por limites estruturais e conjunturais que precisam ser superados. Na sequência, o professor do Departamento de Filosofia, padre Márcio Paiva, em Ética, Mídia e Corrupção: horizontes e desafios, problematiza o agir ético em contraponto à corrupção, que ele aborda desde perspectivas diversas, dando destaque a uma corrupção microscópica que invade e se estabelece como cultura, e ressalta o importante papel da mídia para a consolidação da democracia e de uma ética cidadã.
No terceiro e último painel, Ética, Política e Corrupção, o professor do Curso de Psicologia William Castilho, numa perspectiva psicanalítica, analisa a corrupção como desvio perverso do poder e distúrbio narcisista e destaca o cuidado de si como atitude ética e política. Em seguida, o professor do Curso de Filosofia João Carlos Lino Gomes aponta a importância da educação na luta contra a corrupção. Não uma educação que adestra e tem como objetivo a apropriação instrumental da realidade, mas aquela que, numa perspectiva filosófica, possibilita ao sujeito condições morais e intelectuais de lançar luz sobre o mundo e sobre si, em sua permanente tarefa de produção de sentido. Fechando o painel e encerrando o debate, os promotores de justiça Fabrício Ferragini e Márcio Ferragini diante da pergunta O que temos a ver com a corrupção?, buscam as causas profundas das práticas corruptas historicamente presentes na sociedade brasileira, desde o período colonial, e propõem a educação como forma de combate e luta permanente. Sublinham o controle social como mecanismo adequado para fiscalizar a administração pública, destacando o papel do Ministério Público no combate à corrupção, na defesa da ordem jurídica e do regime democrático.