Debate sobre as eleições 2018: cenários e perspectivas

Durante o debate sobre as eleições 2018 – cenários e perspectivas, promovido na manhã desta sexta-feira, 14 de setembro, no Teatro João Paulo II, no Campus Coração Eucarístico, o reitor da PUC Minas e bispo auxiliar da Arquidiocese de BH, professor Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães, ao citar o Papa Francisco, ressaltou o crescimento da concentração de riquezas por um número cada vez menor de pessoas em todo o mundo, o aumento do número de mortes da população vulnerável e a destruição do meio ambiente como frutos de uma economia que mata, utilizando as palavras de Francisco, Papa que tem resgatado princípios a partir do que tem sido perdido em uma enxurrada contra valores humanistas. O evento foi promovido pelo Núcleo de Estudos Sociopolíticos (Nesp) da PUC Minas e Arquidiocese de Belo Horizonte e teve a participação do professor da PUC Minas e cientista político Malco Camargos e do jornalista e comentarista político Carlos Lindenberg como debatedores, e o professor Robson Sávio Reis Souza, coordenador do Nesp, como mediador.

 

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Dom Mol disse que essa economia que mata trata-se de processo de exclusão que fere a pertença, como se essas pessoas não se integrassem à sociedade. Nesse sentido, completou, os partidos políticos brasileiros se encontram distante da causa e da consequência econômico-financeira, longe da crise antropológica na qual a sociedade se encontra. “Não podemos nos esquecer de que há a negação da primazia do ser humano, inclusive nos programas dos partidos”, pontuou o reitor da PUC Minas, defendendo que “o Estado tem a obrigação de tutelar o bem comum”.

Para Dom Mol, a criminalização da política, somada à descrença, levou à desmobilização da participação política, com ascensão de grupos que acirram o debate, pregam o ódio ao outro, como um inimigo a ser eliminado. “Essa problemática atinge a população, que depois fica dividida”. É necessário, de acordo com ele, que haja uma revalorização e reconstrução da política, não havendo democracia sem o exercício adequado dela.

De acordo com Dom Mol, a desigualdade social ajuda a entender o processo de violência, sendo necessário diminuir essa desigualdade para desenraizar a violência, citando novamente o Papa Francisco. Dom Mol disse que, em Minas Gerais, há um desenraizamento dos candidatos em relação às comunidades, não conseguindo a sociedade gerar novas lideranças a fim de reverberar as mudanças no País.

O cientista político e professor Malco Camargos fez um comparativo das eleições desde a redemocratização. Disse que as eleições de 2018 se parecem muito com as de 1989, no sentido de que há vários candidatos na disputa, cenário diferente da estabilidade com relação ao protagonismo do PT e PSDB na alternância do poder entre 1994 e 2014. Assim como em 1989, há uma disputa atual entre PT e PDT por uma vaga no segundo turno das eleições e a grande dependência dos partidos ao fundo partidário e ao financiamento público das campanhas (em 1989 havia, assim como hoje, proibição de doação por pessoas jurídicas).

Atualmente, prosseguiu o professor Malco, há um quadro mais competitivo com entrada de novas forças políticas e uma maior alienação com relação à participação político-partidária dos cidadãos. “Era para ser um tempo de esperança, porém 44% dos eleitores estão pessimistas, o eleitor perdeu a esperança da mudança pela política”. Pontuou que a corrupção e a inclusão social são temas sensíveis ao eleitorado, o primeiro mais às classes A, B e C+, e o segundo mais às demais, o que pode ser determinante para um candidato estar nesse segundo turno, como Jair Bolsonaro (PSL) que representa antítese ao PT e ocupou lugar do PSDB ao defender a pouca presença do Estado, e um desafio a Marina Silva (Rede) e Ciro Gomes (PDT) de incorporar discurso de inclusão social a fim de tentar tirar Fernando Haddad (PT) do segundo turno.

Para o jornalista e colunista Carlos Lindernberg, essas eleições de 2018 têm sido as mais atípicas, altamente imprevisíveis. Para ele, a operação Lava-Jato, apesar de ter o papel de punir, criminalizou a atividade política, causando grande mal ao meio político. Criticou declarações recentes de membros do Exército Brasileiro que soam como ataques à democracia, não resultando em prisão deles, criticou, como aconteceu recentemente no Uruguai.

Com relação ao cenário político nestas eleições em Minas, está ocorrendo o inverso do que se verifica no cenário nacional, a polarização entre PT e PSDB, disse. A terceira via, de acordo com ele, seria o candidato Marcio Lacerda (PSB), mas lhe faltou habilidade política para viabilizar a candidatura frente ao próprio partido.

O coordenador do Anima PUC Minas – Sistema Avançado de Formação, professor padre Áureo Nogueira de Freitas, disse, durante a apresentação do debate, que o Anima pretende ser esta instância de reflexão de temas importantes para o Brasil, de integração com os demais cursos e ir ao encontro da missão da PUC Minas, de humanismo cristão.

 

Fonte: Assessoria de Imprensa PUC Minas