Sínodo tem primeiro dia intenso. Papa Francisco participa ativamente.
Em 08/10/2019, por REPAM
Na chegada à Sala Paulo VI, o papa Francisco saudou os participantes e agradeceu a todos pelo trabalho realizado desde Porto Maldonado, quando ele oficialmente abriu o Sínodo. Em seguida, afirmou que o Sínodo para a Amazônia tem 4 dimensões: a dimensão pastoral, a dimensão cultural, a dimensão social e a dimensão ecológica. “A primeira, a dimensão pastoral, é essencial, é a que abarca tudo”, disse Francisco na sala sinodal. “Anúncio que não se pode confundir com proselitimos, mas aproximamo-nos devemos considerar a realidade amazônica com este coração pastoral, com olhos de discípulos e de missionários”, destacou o pontífice.
Ainda no seu discurso de abertura, o papa alertou sobre o afã de querer domesticar os povos originários na missão. “Quando a Igreja se esqueceu disso, de como tem que se aproximar de um povo, inculturizou-os e chegou até a menosprezar certos povos. E quantos são os fracassos dos quais hoje lamentamos. O centralismo homogeneizante e homogeneizador não deixou aparecer a autenticidade da cultura dos povos”, alertou Franscisco
De acordo com o papa, “Sínodo é caminhar juntos sob a inspiração guia do Espírito Santo. O Espirito Santo é o protagonista do Sínodo”. Ele ainda alertou os participantes do Sínodo: “Por favor, não o expulsem da sala. Fizeram as consultas, discutiram nas conferências episcopais, no conselho pré-sinodal, elaborou-se o Instrumentum Laboris, que como sabem é um texto mártir, destinado a ser destruído, porque ele é como um ponto de partida para o que o Espírito vai fazer em nós”.
Um sínodo para toda a Igreja
Após o discurso do papa Francisco, o cardeal Lorenzo Baldisseri, Relator Geral do Sínodo, fez memória de todo o processo do Sínodo até agora. E apresentou a proposta metodológica dos trabalhos que serão realizados nos próximos dias. Baldisseri fez questão de lembrar o caráter universal do Sínodo. “Por este motivo a participação foi ampliada a Bispos provenientes de outras Igrejas particulares e organismos eclesiais regionais e continentais. Em outras palavras, é toda a Igreja universal que quer dirigir o olhar à Igreja na Amazônia e assumir no coração os seus desafios, as suas preocupações e os seus problemas, porque no fundo todos nós devemos nos sentir parte desta aldeia global na qual vive e palpita a única Igreja de Jesus Cristo”, destacou o cardeal.
Sínodo: serviço à mesa dos pobres
O relator geral do Sínodo, o Cardal Cláudio Hummes, que é presidente da REPAM e presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia da CNBB, discursou na segunda parte da manhã. Ele retomou o processo de escutas realizadas no processo de preparação do Sínodo e apresentou alguns desafios e gritos dos povos e do território da Pan-Amazônia.
Para o cardeal, a missão da Igreja na Amazônia deve ser o centro das discussões do Sínodo. “É um sínodo da Igreja e para a Igreja. Não uma Igreja cerrada em si mesma, mas integrada na história e na realidade do território – no caso, a Amazônia – atenta aos gritos de socorro e às aspirações da população e da “casa comum” [a criação], aberta ao diálogo, sobretudo ao diálogo inter-religioso e intercultural, acolhedora e desejosa de compartilhar um caminho sinodal com as outras Igrejas, religiões, ciência, governos, instituições, povos, comunidades e pessoas, respeitando as nossas diferenças, no intuito de defender e promover a vida das populações da área, especialmente dos povos originários e a biodiversidade do território na região amazônica”, afirmou Hummes.
Ao final de seu discurso, relator do Sínodo chamou os padres sinodais para agirem com coragem em vista dos caminhos novos para a Igreja e que estejam a serviço. “Este sínodo é como uma mesa que Deus preparou para os seus pobres e nos pede a nós que sejamos aqueles que servem à mesa”, afirmou o cardeal Hummes que em seguida foi aplaudido longamente.
Ao longo do dia, os padres sinodais elegeram também duas comissões no Sínodo, a comissão de redação do documento final e a comissão de informação. Dom Neri José Tondello, bispo de Juína/MT, avaliou o primeiro dia como muito positivo e fraterno. “Espero que ele continue assim e se construa numa colegialidade em vista de uma Igreja batismal, uma Igreja pastoral, numa conversão ecológica, numa conversão sinodal”, concluiu o bispo.
Fonte: REPAM