Coronavírus em Minas: ministro da Saúde teme ‘quadro dramático’ no Estado. Em BH, Kalil decreta fechamento de estabelecimentos comerciais
Em 19/03/2020, por O Tempo –
Para federação das santas casas, seria preciso ao menos 400 novas vagas
Em uma reunião com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), o titular da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que teme um “quadro dramático” nos sistemas de saúde públicos de Minas Gerais e Rio de Janeiro no enfrentamento à pandemia do coronavírus. O político disse ainda que, no pior dos cenários, pode haver “invasão” dos hospitais de São Paulo, considerados mais aparelhados.
O ministro não deu mais detalhes sobre os motivos pelos quais teme esse “quatro dramático, mas especialistas ouvidos pela reportagem também não estão otimistas com a situação do Estado.
Conforme a presidente da Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos de Minas Gerais (Federassantas), Kátia Rocha, caso o número de contaminados tenha o mesmo ritmo de crescimento de países como Espanha e Itália, seria necessária a criação de pelo menos 400 novos leitos no Estado. Isso além dos cerca das 740 vagas de UTI atualmente desocupadas nos hospitais públicos de Minas, de acordo com informações do governo estadual.
“Estamos com outros sérios problemas. Os hospitais não conseguem comprar equipamentos de proteção individual (EPIs) essenciais para o atendimento de casos suspeitos de coronavírus, como a máscara. Quando encontramos esses materiais no mercado, os preços estão até 2.000% maiores que o comum”, completa Kátia Rocha.
Desde a última semana, a Secretaria de Estado de Saúde trabalha com o cancelamento de cirurgias eletivas para liberar leitos no Estado.
Responsáveis por gerir 70% dos leitos de UTI em Minas, os hospitais filantrópicos reclamam da falta de diálogo com o governo de Minas. Ontem, a presidente da entidade participou de uma reunião com o Ministério Público, que se comprometeu a “cobrar” uma nova postura do Estado.
“As unidades estão à disposição, de portas abertas, para conversar com o governo e ajudar a construir essa ponte. Temos cidades no interior em que o hospital de referência mais próximo fica a 400 km de distância. O que fazer nos casos de pacientes com quadro respiratório grave?”, questiona.
A dirigente lembra ainda da dívida de R$ 1 bilhão do governo com as instituições. “Há um problema grave de financiamento e, se não houver diálogo, a situação vai ficar pior. Não precisamos pagar esse preço”, finaliza. Procurada, a Secretaria de Estado de Saúde não se pronunciou até o fechamento desta matéria.
Para o infectologista e professor da Faculdade de Medicina da UFMG Mateus Westin, no momento, é importante adotar ações rápidas que impeçam a evolução da doença, como o isolamento domiciliar. “Em um contexto com o sistema de saúde já estrangulado, dificilmente teremos capacidade de ampliação. São necessárias estratégias para não sobrecarregar toda a rede”, alerta.
Em BH: Kalil determina fechamento de bares, restaurantes e shoppings
Qualquer estabelecimento de acesso público que aglomere mais de dez pessoas está proibido de funcionar na capital mineira.
Bares, restaurantes, academias, clubes e qualquer estabelecimento de acesso público que aglomere mais de 10 pessoas em Belo Horizonte estão proibidos de funcionar. Em edição extra do Diário Oficial do Município (DOM), publicada na tarde desta quarta-feira (18), o prefeito Alexandre Kalil (PSD) determinou a suspensão dos alvarás de funcionamento dos empreendimentos a fim de barrar o avanço da epidemia de COVID-19, que até o momento já tem 10 casos confirmados na capital.
Conforme a publicação, os alvarás estão suspensos a partir de 20 de março e devem continuar enquanto perdurar a situação de emergência na cidade.
A medida foi publicada uma hora depois de, no Twitter, o prefeito dizer que, “como o governo do Estado recuou nas providências que deveria tomar”, ele anunciaria “amanhã (quinta-feira, 19), às 12h, novas medidas”. O anúncio, no entanto, foi adiantado.
A lista de alvarás suspensos inclui os de casas de show e espetáculos de qualquer natureza; boates, danceterias, salões de dança, casas de festas e eventos; feiras, exposições, congressos e seminários; shopping centers, centros de comércio e galerias de lojas; cinemas e teatros; clubes de serviço e lazer; academias; clínicas de estética e salões de beleza; parques de diversão e temáticos e bares, restaurantes e lanchonetes.
A suspensão, no entanto, não se aplica a farmácias, supermercados, laboratórios, clínicas, hospitais e demais serviços de saúde dentro de shopping centers, centros de comércio e galerias de lojas. Bares e restaurantes em hotéis poderão funcionar apenas para atender hóspedes. Os serviços de manutenção nos estabelecimentos também poderão ser executados no período, desde que respeitada a escala mínima de pessoas.
A fiscalização ficará a cargo do órgãos de segurança pública.
Fonte: Jornal O Tempo