Os 100.000 mortos dos Estados Unidos: assim fracassou o país mais poderoso do mundo
Em 28/05/2020, por El País – Brasil –
A liderança errática de Trump, os alertas ignorados durante meses e a falta de recursos levaram ao limite uma apagada potência americana, que já ultrapassaram a simbólica cifra dos seis dígitos.
Uma das imagens mais eloquentes desta crise foi gerada num sábado do fim de março pelo prefeito de Nova York, Bill de Blasio, quando foi à sede da ONU recolher um lote de 250.000 máscaras doadas pelo organismo, porque a todo-poderosa cidade dos arranha-céus, símbolo de riqueza no país mais rico do mundo, não tinha o suficiente ―nem máscaras, nem respiradores, nem leitos hospitalares― para a onda de doentes de covid-19 que se avizinhava. O chamado paciente zero dos Estados Unidos se apresentou em 21 de janeiro num hospital de Seattle com um pouco de febre. A primeira morte, de uma mulher de 60 anos na Califórnia, ocorreu em 6 de fevereiro. A partir daí, um amontoado de erros, alertas ignorados e novas e velhas carências levaram ao desastre sem que uma das comunidades científicas mais robustas do planeta tivesse conseguido evitar.
Dados referentes a 28/05/2018Os Estados Unidos acabaram de alcançar 100.000 mortos por coronavírus (eram 100.442 na manhã desta quinta-feira, segundo a contagem da Universidade Johns Hopkins), longe dos 60.000 que a Administração calculou em seus prognósticos mais otimistas, ou dos 58.000 caídos na Guerra do Vietnã, um trauma gravado no imaginário coletivo norte-americano como vara para medir as tragédias. Quase 1,7 milhão de pessoas já deram resultado positivo em exames de diagnóstico. Em um país com 330 milhões de habitantes, a taxa de mortalidade nacional é muito inferior à da Espanha, por exemplo, mas territórios muito castigados, como Nova York, distorcem a fotografia.
A pandemia ressaltou a disparidade racial e social do país, atacando com mais dureza os pobres e as minorias, e reflete o fechamento dos Estados Unidos ao mundo. Donald Trump comparou este desafio à Segunda Guerra Mundial, mas os Estados Unidos saíram daquele conflito fortalecidos como um líder global e guardião mundial das liberdades. Desta vez, enquanto acelera na corrida planetária pela vacina, não conseguiu ir muito além de ajudar a si mesmo.
Alerta desde o primeiro dia
A Administração Trump foi informada desde que chegou à Casa Branca que uma pandemia desta gravidade era uma ameaça muito real. Não só não preparou a resposta como também reduziu os recursos humanos e materiais que já estavam mobilizados para enfrentá-la.
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