Escola Casa Comum é inaugurada com a perspectiva de capacitar cristãos humanistas para as urgências contemporâneas
Vinculada ao Núcleo de Estudos Sociopolíticos da PUC Minas e Arquidiocese de Belo Horizonte, a Escola terá atuação em todo o Brasil
“Nós acreditamos. É a partir da nossa fé que estamos trabalhando essa Escola. E acreditamos também que a sociedade pode melhorar. Concebemos o Cristianismo a partir da comunidade, que é aquilo que dá visibilidade à vivência da fé cristã e é potente na sua expressão. Comunidades fortes certamente conduzem para uma sociedade forte”, assim iniciou seu discurso o reitor da PUC Minas e bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte, professor Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães, durante o evento de inauguração da Escola Casa Comum – Formação Política de Cristãos Humanistas nesta quinta-feira, 4 de novembro.
Dom Mol destacou que a Casa Comum nasce em um momento de derrocada na educação, na cultura, na economia, na saúde. Destacou ainda que o Brasil e o mundo passam pelo momento mais alto e mais forte de desigualdade social. “O mal da economia está na sua raíz. O Papa Francisco afirma isso muito claramente na Evangelii Gaudium. Precisamos de outras economias”. O reitor destacou ainda que há um uso e abuso das religiões e que há de fato algo de muito significativo que precisamos recuperar e que a formação política de cristãos humanistas virá somar àqueles que no momento já atuam na perspectiva humanista para que seja possível ter a força necessária para melhorar todos os setores e segmentos da vida em sociedade. “É nesse contexto que nasce a Escola Casa Comum. É neste contexto, neste tempo, com essas marcas na sociedade. Esta é uma escola sem fronteira geográfica. Nasce dentro de uma escola, de uma Universidade, mas ela é para todos. É uma escola nacional que poderá ser internacional. É para alcançar pessoas em todos os lugares”, destacou Dom Mol.
O reitor destacou ainda que pluralidade não significa neutralidade. “Não somos neutros. Esta escola está baseada na doutrina da Igreja, em valores humanistas do Evangelho, tem princípios éticos, tem rumo e tem direção. E, portanto, ela oferece formação política de cristãos humanistas para atuar exatamente no rumo de transformação da sociedade para que seja o lugar do bem viver para todas as pessoas. Essa Escola quer ser a Escola que defende a Casa Comum e, na Casa Comum, o bem viver é para todas as pessoas. E esta Escola será não só esperança, mas uma realidade nova que está nascendo”, finalizou Dom Mol.
A equipe da Casa Comum escreveu um manifesto (leia ao final da matéria) de abertura lido pelo sociólogo Eduardo Brasileiro, um dos integrantes da equipe. A coordenadora da Casa Comum e professora do Instituto de Ciências Sociais, Raquel Almeida, destacou que o manifesto representa o desejo da equipe de ser uma casa plural, aberta a todos. “Eu vou deixar as palavras do manifesto tocarem o coração de vocês. Porque é isso que a gente quer. Uma casa com mente, coração e ação. A gente quer uma casa plural. Uma casa que caiba todo mundo para que possamos construir juntos formas democráticas de construção política”, afirmou.
Participou também da inauguração o coordenador do Centro Nacional de Fé e Política Dom Helder Câmara da CNBB (Cefep), padre Paulo Adolfo. Ele destacou que o Cefep articula mais de cem escolas de política e fé no Brasil. “A iniciativa da Casa Comum é importantíssima, sobretudo neste momento grave que nós vivemos e a nossa responsabilidade de cristãos comprometidos com o evangelho, com os princípios da paz, da justiça, solidariedade, da construção do bem comum é muito grande. E para que a rede de escolas seja uma rede potente, é preciso que continuemos firmes, fortes, que mais pessoas e instituições se somem a nós e fortaleçam as iniciativas que aí já estão”, afirmou.
Após o momento de abertura, a professora Regina Novaes ministrou a conferência Política e Religião: dilemas contemporâneos. Regina Novaes foi editora da Revista Religião e Sociedade, presidente do Instituto Brasileiro de Análises Socioeconômicas (Ibase). Atuou como consultora sênior do PNUD/Nações Unidas para a realização do Informe Juventude e Desenvolvimento Humano nos países do Mercosul. Realizou pesquisas e atuou em consultorias sobre políticas públicas de juventude em Convênios entre a Secretaria Nacional de Juventude e a Unesco. Como pesquisadora do CNPq, continua desenvolvendo estudos sobre Juventude, ativismos políticos e cultura religiosa.
A live de lançamento da Escola foi coordenada pelo professor Robson Sávio, coordenador do Núcleo de Estudos Sociopolíticos da PUC Minas, responsável pela Escola.
Assista ao evento na íntegra no canal PUC Minas Lives no YouTube.
Sobre a Escola Casa Comum
A missão da Casa Comum é criar uma rede de aprendizagem para ações políticas que visem a cocriação da Casa Comum. A missão é pautada pela urgências globais do mundo contemporâneo relacionadas à ecologia, economia, educação e ecumenismo. A Escola Casa Comum promoverá cursos, oficinas, seminários, palestras e debates além de oferecer assessorias.
Algumas atividades já estão em andamento como a realização do Minicurso Economia de Francisco e Clara oferecerá aos participantes a vivência da metodologia da Articulação Brasileira pela Economia de Francisco e Clara para desenvolver práticas de justiça socioeconômica. A primeira turma, que começará as aulas no dia 10 de novembro, já está fechada.
Também já estão abertas as inscrições pra o Curso Nacional de Planejamento Eleitoral realizado em parceria com o Centro Nacional de Fé e Política Dom Helder Câmara da CNBB (Cefep), a Comissão do Laicato da CNBB, a Comissão Brasileira de Justiça e Paz – CBJP e o Conselho Nacional do Laicato do Brasil – CNLB.
Outras informações sobre a Escola Casa Comum estão disponíveis no site do Nesp PUC Minas e no Instagram Casa Comum PUC Minas.
Manifesto Abertura Casa Comum – Formação Política de Cristãos Humanistas
A palavra quer romper o silêncio!
Encarnada de gestos exigindo transformação
Ela chega.
O planeta descoberto de dores
vê surgir um tanto de sonhadores
Esses que amorosamente cuidam da criação
E politicamente constroem pontes
Humanistas, dirão!
Uma profusão de cuidadores e cuidadoras,
Articuladores e receptores da palavra
Que de dores fizeram clamores
por outros mundos possíveis
Humanistas cuidando uns dos outros, do planeta
De nossa Casa Comum
Corpos em combate, corações em sintonia
O verbo atravessou a carne, e anuncia
a palavra que renova o mundo
É a ação política criadora.
A Casa Comum: Formação Política de Cristãos Humanistas irrompe o
Caos, o tédio, a estagnação, ela
surge no limiar da esperança para
reorganizar o sonho e a resistência.
Diante de todo o projeto de morte
que cerca nossa estrutura política, econômica, cultural, educacional e religiosa,
ela buscará ser espaço comum de amorosidade coletiva
sementeira de experiências
vindouras do amanhã,
que irrigam na terra boa
os filhos e filhas deste chão
Somos acendedores de brasas!
Casa Comum, espaço aberto,
Ecumênico e pluralista para todas
as idades, gerações, etnias, grupos
sociais e diferentes saberes.
De diferentes saberes.
Rede de aprendizagens que
queremos construir.
Por aqui não
há espaço para o preconceito.
Pelos todos e todas Um.
Quando dizem que a nossa sociedade fracassou, paramos,
analisamos reelaboramos práticas,
construímos espaços, porque
somos teimosos em crer que
reconhecer a Casa Comum é
reconstruir responsabilidades
coletivas e projetos econômicos e
políticos emancipadores
Por isso nos desafiamos a sermos
portadores da pedagogia
da esperança e da autonomia.
Mutirão que cria Alvorada.
Por aqui assumimos os sonhos de
Francisco aos nos comprometermos
Com uma Igreja em saída,
que vai ao encontro das periferias
humanas e existenciais.
No Jardim desta casa as flores
nos inspiram na caminhada
bonita da ecologia integral.
Aqui vamos plantar juntas e juntos
os valores humanistas de
construção de uma nova sociedade
para criarmos e recriarmos a nossa
Casa Comum que tanto grita por socorro.
Essa construção requer um movimento coletivo,
fruto de partilha continuada
e interconectada de projetos comuns
de sua incidência em agendas de compromissos para a sociedade.
Tudo está interligado!
Nossos passos vêm de longe!
Esse sonho agora realizado, é fruto
de experiências formativas diversas
feitas pelas Escolas de Fé e Política
em todo o Brasil e, em especial, nas
experiências formativas realizadas
pela Arquidiocese de Belo Horizonte e pela PUC Minas, por meio do
Núcleo de Estudos Sociopolíticos desde 2005.
Em nossa Casa Comum somos aprendizes do comunitário
e coletivamente nos esforçamos para reinventar o amanhã.
Em nós, neste ato criador da Casa Comum: Formação Política de Cristãos Humanistas, reverbera o poeta Thiago de Melo:
“Fica decretado que a partir deste instante
haverá girassóis em todas as nossas janelas.
Que os girassóis terão o direito a abrir-se dentro da sombra;
E que as janelas devem permanecer o dia inteiro abertas
para o verde onde cresce a esperança”
Bem-vindos e bem-vindas à nossa Casa Comum.
Fonte: Assessoria de Imprensa da PUC Minas (editado)
PARABÉNS A DOM MOL E SUA EQUIPE, criadores da Escola da Casa Comum, promissora iniciativa para a formação de homens e mulheres cristãos humanistas que haverão de priorizar a reconstrução de uma sociedade solidária, humana, fraterna, justa, fundamentando o Bem Comum e o Bem-Viver dos povos, com a superação de todas as formas de violência.
Iniciativa inspirada esta . Agente sente orgulho do nosso cristianismo e da nossa Igreja. Desculpe a ousadia, mas aqui deixo uma sugrestão. A casa comum, dentro do deu projeto, poderia promover cursos de férias, buscando os mais diversos canais de financiamento, para agentes comunitários que atuem como o binômio fé e política. Seria uma formação de partilha e de reflexão junto com alguns especialistas. Quem sabe não poderia até se apresentar acadêmicamente como um curso Lattu sensu? Uma espeicalização interdiscipliplinar entre teologia, sociologia, filosofia, antropologia e outras. Paulo Antonio Couto Faria.