Câmara de BH aceita denúncia contra Wellington Magalhães por quebra de decoro
Magalhães (PSDC) está preso preventivamente por suspeita de desvio de verbas quando era presidente da CMBH.
Em decisão unânime, durante reunião na tarde da terça-feira (8/5), a Câmara de BH votou pelo recebimento de denúncia de quebra de decoro parlamentar contra o vereador Wellington Magalhães, ex-presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte.
O pedido de cassação do vereador suspenso foi protocolado por um cidadão e, como prevê a legislação, submetido à decisão do Plenário. Com 39 presenças, foram 38 votos favoráveis, nenhuma abstenção e nenhum voto contrário (pelo Regimento Interno, o presidente da Casa, vereador Henrique Braga (PSDB), não vota). Na sequência, de acordo com o Decreto Lei 201/67, foi formada por sorteio uma comissão processante, composta por três membros: Dr. Nilton (Pros), Reinaldo Gomes (MDB) e Fernando Luiz (PSB). O grupo terá 90 dias para analisar a denúncia e submeter novamente ao Plenário o relatório final apontando pela cassação ou não do parlamentar.
Reinaldo Gomes (MDB), que é corregedor da Casa, será o relator da comissão processante; e Dr. Nilton (Pros), o presidente. Segundo a legislação federal, os trabalhos deverão estar concluídos dentro de 90 dias, contados da data em que se efetivar a notificação do acusado. O vereador Wellington Magalhães somente poderá ser considerado definitivamente afastado do cargo se assim for declarado por, pelo menos, dois terços dos membros da Câmara. Atualmente, a vaga de Magalhães no Legislativo é ocupada pelo 1º suplente, Dimas da Ambulância (Pode), já que o ex-presidente cumpre prisão preventiva.
Funcionamento da comissão processante
Uma vez recebido o processo, o vereador escolhido como presidente da comissão, Dr. Nilton, iniciará os trabalhos, dentro de cinco dias, notificando Wellington Magalhães com a remessa da cópia da denúncia e dos documentos que a instruem. O denunciado terá o prazo de dez dias para apresentar sua defesa prévia, por escrito, indicando as provas que pretende produzir e as testemunhas que pretende arrolar, até o máximo de dez. Decorrido o prazo de defesa, a comissão processante emitirá parecer dentro de cinco dias, opinando pelo prosseguimento ou arquivamento da denúncia, o qual, neste caso, será submetido ao Plenário. Já se a comissão opinar pelo prosseguimento, o Presidente designará o início da instrução e determinará os atos, diligências e audiências que se fizerem necessários para depoimento, bem como para inquirição das testemunhas.
Concluída a instrução, será aberta vista do processo ao denunciado, para que ele apresente razões escritas, no prazo de cinco dias, e, após, a comissão processante emitirá parecer final, pela procedência ou improcedência da acusação, e solicitará ao Presidente da Câmara a convocação de sessão para julgamento.
Na sessão de julgamento, serão lidas as peças requeridas por qualquer dos vereadores e pelos denunciados, e, a seguir, os que desejarem poderão manifestar-se verbalmente, pelo tempo máximo de quinze minutos cada um, e, ao final, o denunciado, ou seu procurador, terá o prazo máximo de duas horas para produzir sua defesa oral.
Concluída a defesa, haverá tantas votações nominais quantas forem as infrações articuladas na denúncia. O vereador Wellington Magalhães será considerado afastado, definitivamente, do cargo, caso, pelo menos, dois terços dos membros da Câmara assim decidam.
Concluído o julgamento, se houver condenação, o presidente da Câmara expedirá decreto legislativo de cassação do mandato do parlamentar. Se o resultado da votação for pela absolvição, o presidente determinará o arquivamento do processo. Em qualquer dos casos, o presidente da Câmara comunicará o resultado à Justiça Eleitoral.
Representação para quebra de decoro
A representação para verificação de quebra de decoro parlamentar por parte do vereador Wellington Magalhães foi apresentada à Câmara de BH pelo cidadão Mariel Márley Marra. No documento, o Ministério Público Estadual é citado por identificar Wellington Magalhães como suposto líder da organização criminosa, que teria causado prejuízo de cerca de R$30 milhões aos cofres públicos municipais. Segundo a denúncia apresentada à CMBH, estão em curso mais de 40 investigações do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e da Polícia Civil envolvendo o vereador e ex-presidente da Casa.
Mariel Márley Marra argumenta que mesmo que Magalhães seja, ao final, absolvido pela Justiça de todas as acusações imputadas contra ele, ainda assim, a dignidade da Câmara Municipal e de seus membros teria sido desprestigiada por suas atitudes, que fundamentaram um decreto de prisão preventiva em seu desfavor. Mariel Márley Marra também cita o fato de Wellington Magalhães ter se ocultado da Justiça na tentativa de frustrar o cumprimento da medida cautelar imposta pela 4ª Vara Criminal de Belo Horizonte. Neste sentido, a denúncia, que será analisada pela Câmara, entende que Magalhães faltou com o decoro na sua conduta pública.
Fonte: Portal da Câmara Municipal de Belo Horizonte.